Eu...

Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.
(Adélia Prado)

sábado, 22 de junho de 2013

MANIFESTAÇÕES 2013: Uma reflexão.

Prezados:

O primeiro passo já foi dado. Muito desorganizado e sem um foco direcionado, mas ainda assim foi um movimento que serviu pro 'poder' lembrar que existe um povo neste país e pra os mesmos se preocuparem e perderem o sono. Bem... vamos lá!

Uma rudimentar mentalidade de cidadania já despertou no coração do brasileiro, agora falta refinar, lapidar esta mentalidade. Comecemos por alguns conceitos:

DEMOCRACIA - Partindo do léxico, deriva do grego 'demo' (povo) + 'kratia' (governo), ou seja, um sistema de governo onde o povo participa de todo o processo, escolhendo seus representantes seja através do sufrágio direto (voto), bem como decidindo questões através de plebiscitos entre outras formas. A democracia é subdividida em 2 categorias: A Democracia Representativa e a Democracia Participativa.
Democracia Representativa (a do Brasil) é aquela que se baseia na participação do povo em todas as instâncias sociais e politicas através do sufrágio. O povo escolhe seus representantes comunitários (associações, comissões, conselhos...) e seus representantes em instâncias superiores (prefeituras, governos estaduais, presidência...).
Já na Democracia Participativa, as decisões levam em consideração o diálogo com todas as esferas da sociedade, colocando em pauta resoluções a serem tomadas e decidindo em conjunto as soluções para os problemas e melhorias para a nação. Não se baseia basicamente no sufrágio, mas nas deliberações sociais, não significando porém que o voto esteja descartado. Também está presente em nossa sociedade, porém em menor instância.

CIDADANIA - A noção engessada e amalgamada que aprendemos na escola deste conceito é "o conjunto de direitos e deveres dos cidadãos natos e naturalizados de uma determinada nação". Esta ligado ao Estado de Direitos Civis, tanto jurídica quanto politicamente, e é o exercício da cidadania que permite ao cidadão interferir democraticamente nos processos políticos da nação. Porém eu gostaria de ir um pouco mais além dos conceitos tatuados mais conhecidos...
Antes de dar continuidade a minha ideia pessoal de cidadania na qualidade de historiadora, gostaria de deixar claro um conceito IMPORTANTÍSSIMO que com tristeza vejo que é praticamente desconhecido: o Estado de Direitos. Significa que o Estado (nação) não pode se sobrepor aos Diretos civis da população. A maior mazela de uma ditadura é a quebra de Estado de Diretos, que se aproxima intimamente do Absolutismo e do Totalitarismo, regimes que concentram no Estado todas as decisões sem levar em consideração a vontade do povo. Inversamente oposto à Democracia. Portanto, o povo precisa ter em mente que o exercício da cidadania está diretamente ligado ao Estado de Direito e dela não pode se desvincular!
Visto isso, o meu conceito pessoal de exercício de cidadania é a participação civil ativa nas entidades de classe, suas associações comunitárias, através deles cobrar soluções e apresentar propostas maduras e cabíveis com o contexto econômico e político do Estado. A partir daí, organizar grupos e buscar o diálogo com seus representantes (deputados, vereadores...), participar das reuniões públicas das Assembléias Legislativas, Câmaras, etc. É estar presente, pleitear, se mobilizar POLITICAMENTE.

OBS. IMPORTANTE: Não adianta discursos de 'frases feitas' nas palavras de ordem inflamadas pela emoção! NÃO EXISTE DEMOCRACIA SEM POLÍTICA, E NÃO EXISTE POLÍTICA SEM PARTIDOS!

O correto exercício de todos esses conceitos apresentados acima são factóides se o cidadão não se POLITIZAR. Vamos entender isso então...
Se politizar é o cidadão entender processos. Para entender estes processos, é importante não que as pessoas sejam 'cientistas políticos' o que seria o ideal, mas que busquem e pesquisem as ideologias dos partidos políticos, sua linha de ação e propostas para a população. A partir daí, escolher aquele que tenha idéias e propostas que sejam compatíveis com o que se pensa sobre política pública e se engajar. Depois, verificar os representantes do partido que já fazem parte do governo e analisar CUIDADOSAMENTE seu trabalho no exercício do seu mandato. Se ainda assim o partido tiver uma ideologia que lhe seja adequada, participar da elaboração de um plano que seja apresentado nas eleições e trabalhar junto ao partido, mesmo depois da eleições, cobrando a efetiva aplicação do plano traçado.

Agora acredito que cheguei no ponto principal...

Visto isso, conhecendo os conceitos é claro que é muito mais que isso, mas cada um destes conceitos dá um livro inteiro, rs, cada cidadão que realmente deseje de forma madura exercer sua cidadania, deve se aprofundar nestes conceitos, pensar não só nos pleitos, mas também em sugestões de propostas para a resolução destes problemas. Não adianta ir para as ruas pedindo transportes de maior qualidade, melhores hospitais públicos, isso e aquilo, sem pensar POLITICAMENTE no que está pedindo e só pedir sem sugerir soluções! Se o cidadão deseja pleitear, mas não tem um profundo entendimento do processo que permita apresentar soluções PROCURE SEU PARTIDO POLÍTICO E DIALOGUE!

Entenderam a importância dos partidos? Claro que existem 'forças ocultas' que faz com que o cidadão se desiluda com a política, mas essas 'forças' só acontecem por causa da desmobilização popular quanto ao processo político! E isso não tem nada a ver com inteligência ou instrução (se bem que esta última é de extrema importância). Tem a ver com que, o cidadão participando, fiscalizando, pleiteando através de suas associações e entidades, faz com que o trabalho seja direcionado para o povo, e não para interesses politiqueiros!

Povo brasileiro, união vocês já estão aprendendo o que é. Só falta agora SE POLITIZAR e PARTICIPAR DA VIDA POLÍTICA DO SEU PAÍS.

Usem o texto, compartilhem! São noções necessárias nesse momento, dentro do contexto político das manifestações! Só peço que mantenham o texto inalterado e que deem os créditos ao autor.

Autoria do Texto: MONICA SANTOS
                            Acadêmica de História (licenciatura) da Universidade Cândido Mendes

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